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10 de mar. de 2015

Sobre Rodas | Quanto o peso realmente importa?

Fala galera! Meu amigo Gustavo Astolphi, da Pedal Urbano em São Paulo é ciclista há muitos anos e ele possui algumas reflexões bem interessantes sobre o ciclismo. Para compartilhar isso com vocês, fizemos aqui esse (e alguns próximos) texto. Espero que gostem
Quanto (e quando) o peso realmente importa
Na semana passada, enquanto arrumava minha mala para ir correr as 24 horas Brasil Ride de mountain bike em Botucatu, peguei dois faróis para decidir qual deles colocar no capacete, enquanto o outro iria no guidão.
Fazia muito tempo que eu não pesava alguma coisa com o intuito de escolher a mais leve. Acho que não fazia isso desde 2010, quando me livrei desse vício e troquei uma Rabo-Duro de 7kg em carbono por uma full–suspension de 11.5kg em alumínio, por ter certeza de que estava percorrendo determinado circuito mais rápido com a full mesmo ela sendo a mais pesada.
Comparei o peso dos faróis na mão mesmo, sem balança, puro “chutômetro”. Quando você coloca qualquer coisa acoplada em um capacete de 190 gramas dá para sentir a diferença imediatamente e até bateu uma certa tristeza: escolhi o que achei ser o mais leve e fui pra prova. Na parte noturna da prova, eu gosto de ter o farol no capacete porque preciso olhar adiante no singletrack para conseguir visualizar e planejar o que vou fazer nos três estágios da curva: a entrada, o meio e a saída.  Portanto, ter faixo de luz é fundamental, já que o farol do guidão estará sempre iluminando a tangente da curva, lugar que eu não pretendo frequentar. Em determinado momento, o farol apagou porque o fio enroscou em algo e desconectou. Naquele momento, fiquei somente com o farol do guidão e senti muita falta nas curvas seguintes e nesse momento, da mesma maneira que uma lâmpada na cabeça simboliza uma ideia, a falta dela me levou a um questionamento: eu poderia ter poupado aqueles 250 gramas no capacete, mas quanto pior meu desempenho seria nas descidas? Quanto melhor seria nas subidas por estar mais leve?  Quanto ajudaria a ultrapassar obstáculos?
Quanto atrapalharia no caso de enroscar em algo? Eram muitos aspectos a serem “pesados” e não somente quantos gramas aquele farol adicionou no conjunto completo.






















Por muito tempo fui um Weight Weenie, que são ciclistas viciados em contar gramas de suas bicicletas a fim de serem as mais leves possíveis. Para conseguir componentes mais leves, gastam muito dinheiro ou brocas de furadeira. Também, por outro lado, muitos ciclistas utilizam a máxima já gasta: “O que importa é perna”. Bem, hoje eu concordo com os dois lados. Peças leves são importantes. A indústria pesquisa materiais e métodos de construção que permitem componentes cada vez mais leves, a fim de facilitar o desempenho do ciclista nas mais diversas situações encontradas no ciclismo e também concordo que a perna e o preparo físico  importam muito, mas esqueça isso por um momento, não estou comparando você com o Contador, mesmo porque, se o colocarmos  em uma bigorna com pedais, ele pegaria o KOM de todos meus pedais de subida. Estou aqui questionando o quanto você deveria se preocupar com peso no ciclismo e no seu equipamento antes de considerar as outras diversas variáveis do nosso esporte.
Certa vez participei de um pedal onde a maioria estava com bicicletas de 140mm de curso,full-suspensions, pneus com cravos agressivos e equipamento para descer o Everest de bicicleta. Um dos ciclistas estava com sua mais nova hardtail com 90mm de curso de suspensão e possivelmente 3 a 4kg mais leve que as outras bicicletas. Ele chegou lá em cima do morro mais rápido que todos e quando estávamos chegando sem pressa e dando risada de alguma besteira que conversávamos, ele estava aguardando sentado para entrarmos na trilha e começarmos a descer um singletrack cheio de raízes e pedras molhadas pela leve chuva que caía. Já dizia o ditado: “Não traga uma faca para uma disputa de armas”. Acredito que nem preciso falar que alguém chegou atrasado para as pizzas e cervejas no bar na beira do píer.
O ciclismo é composto por muitas variáveis: sol, chuva, vento e suas constantes mudanças, abrasão do solo, subidas, descidas, curvas, estar ou não em pelotão, rigidez do equipamento, como você acordou aquele dia, furos, quebras e mais diversas outras. Será que ter o farol na cabeça me prejudicou mais na subida, pelo excesso de peso, do que me ajudou a me manter seguro na descida? Descidas não ganham provas de cross-country, mas definitivamente é possível perder a prova em uma descida.






















Lembro-me, como se fosse hoje, que quando parei de me preocupar tanto com o peso dos meus pneus, cheguei a pesar 2 pneus do mesmo modelo e levar o que era 3 gramas mais leve, passando a me preocupar com a pressão deles, observando qual ganho de desempenho era possível ter utilizando pressões diferentes, em vez de simplesmente colocar qualquer pressão no pneu e ir rodar.
Não podemos colocar 2 componentes em uma balança acreditar que encontramos o melhor simplesmente porque ele é 2 gramas (ou 20 gramas) mais leve que o outro. O melhor componente será aquele que serve perfeitamente para o seu uso, dentro das suas expectativas no esporte, que seja o modelo correto para sua modalidade, com a resistência que você procura, rigidez, funcionamento, ajuste ao seu corpo, ao fit de sua bicicleta. Não podemos deixar de lado o preço, que é outro fator importante para a escolha e nunca se esqueça de que a escolha e manutenção do equipamento vão muito além da busca por desempenho e beleza: são uma questão de segurança. Isso me lembra o que Tom Ritchey dizia: “Barato, leve e resistente: escolha dois” em referência ao fato de que qualquer componente nunca poderia ter as três características juntas, sempre duas eram em detrimento da terceira.
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Fonte:http://www.praquempedala.com.br/blog/sobre-rodas-quanto-o-peso-realmente-importa/

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